A ave considerada como símbolo do Brasil e do estado de São Paulo é o sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris). Trata-se de uma ave relativamente comum em nosso país de maneira a ser o sabiá mais conhecido, tem visual de cor de ferrugem e durante seu período reprodutivo canta abundantemente.
Desde o decreto de 3 de outubro de 2002 essa ave deve ser o foco das comemorações nacionais do Dia da Ave. É o símbolo de São Paulo desde 1966. Conheça mais sobre a ave que é citada por vários poetas como Gonçalves Dias em sua famosa “Canção do Exílio” e que foi um dos símbolos da Copa das Confederações de 2013, realizada no Brasil.
Características do Sabiá-Laranjeira
Trata-se de uma ave com bico reto de coloração amarela puxando para o oliva cujas patas são cinzas. Seus olhos tem uma coloração negra profunda e a penugem do seu dorso tem tonalidade marrom com fundo cinza. Sua garganta é esbranquiçada com um toque de marrom, seu peito é cinza-pardo que vai se metamorfoseando para laranja.
Não existe dimorfismo sexual nessas aves, contudo, as fêmeas tendem a ser ligeiramente maiores do que os machos tendo uma coloração mais clara em seu ventre. Não é incomum encontrar aves dessa espécie com colorações bizarras inclusive albinas, no entanto, não é uma questão muito abordada na literatura a respeito da espécie.
Habitat
Originalmente essa espécie habitava beiras de campos e florestas abertas, no entanto, com grande poder de adaptabilidade conseguiu se estabelecer em áreas de lavouras e até em áreas urbanas. O ponto essencial é que o local em que irá se estabelecer seja próximo a um rio. Apesar de ser uma ave bastante territorial apresenta comportamento tímido.
Canto do Sabiá-Laranjeira
Possui um canto longo e melódico que pode ser ouvido a até 1 km de distância. Um sabiá pode se manter cantando por até dois minutos sem parar. A primeira frase do canto do sabiá tem em geral entre 10 e 15 notas. Inclusive esse pássaro é capaz de imitar as vocalizações de outras aves como o joão-de-barro e o curiango, não é incomum que assimilem parte do canto de outra ave em seu canto.
Ninho
Geralmente essa ave faz o seu ninho entre os meses de setembro e janeiro usando arbustos, pedaços de cachos de bananas e árvores de folhagem densa. Com um pouco de lama dão forma de tigela densa para o ninho. Por dentro usam capim e hastes de flores para deixar o ninho com um acabamento melhor.
A cada postura colocam de 3 a 4 ovos de um tom verde-azulado com toques de sépia. O período de choco das aves é de cerca de 13 dias e tanto o pai quanto a mãe cuidam do pequeno. A fêmea do sabiá-laranjeira pode chocar até três vezes ao ano tendo até seis filhotes a cada choco.
Alimentação
A dieta dessa ave é composta basicamente de minhocas, larvas, frutas e artrópodes. Pode se tornar também um predador de rãs e sapos. Tem um papel bastante importante para semear espécies frutíferas porque regurgita as sementes que consome de maneira que elas chegam ao solo e podem dar origem a novas plantas.
Ave de Relevância Cultural
Essa espécie foi reconhecida como símbolo do Brasil devido a sua grande relevância cultural, é um pássaro conhecido por crianças e adultos podendo estar presente em zonas urbanas e rurais. Possui qualidades bastante particulares como, por exemplo, o fato de que dois sabiás não tem canto igual. De acordo com uma lenda indígena quando uma criança ouve o som do canto do sabiá durante a madrugada, no começo da primavera, é um indicativo de que terá paz e amor em sua vida.
Um pássaro que é constantemente mencionado na literatura brasileira, a passagem mais conhecida é aquela da “Canção do Exílio” em que Gonçalves Dias diz:
“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.”
Outro exemplo é uma canção composta por Chico Buarque e Tom Jobim, em 1968 que diz:
“Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá”
Uma letra que conversa com a Canção do Exílio por também tratar do desejo de retornar a terra em que o sabiá canta tão lindamente. Sobre o fato de mencionar uma sabiá, no feminino, Chico Buarque diz que usou como base a forma como os caçadores chamam a espécie.
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