O Rouxinol é um pássaro muito fácil de ouvir, mas difícil de se ver, isso porque essa espécie tende a se manter em estado de alerta fugindo de situações potencialmente arriscadas. Basta o mínimo de sinal de uma eventual ameaça para que ele bata suas asas e voe rumo a outros horizontes. Trata-se de uma ave migratória que tem a capacidade de chilrear entoando uma melodia alegre e de grande delicadeza que segundo dizem anuncia a chegada da primavera.
Pássaro do Velho Mundo
O Rouxinol (Luscinia megarhynchos) pertence à família dos Muscicapideos e tem sua origem no Velho Mundo, essa ave migratória é originária das florestas da Europa e Ásia. No entanto, essa ave que é conhecida como um símbolo dos poetas é bastante querida no continente americano, recebeu o nome popular de “corochiré” por aqui. Um dos fatores que a fez se tornar mais conhecida certamente foi a sua capacidade de entoar mais de 260 sons diferentes.
Características do Rouxinol
O Rouxinol é uma ave passeriforme que têm hábitos migratórios e cuja dieta é de base onívora com destaque para a ingestão de insetos. Ao observar a aparência simples dessa ave é difícil acreditar o tamanho do seu potencial vocal. O corpo dessa ave mede entre 15 e 17 centímetros de comprimento e suas penas apresentam tonalidades entre pardo e marrom, alguns espécimes têm sombras avermelhadas.
O peito do Rouxinol geralmente apresenta tonalidade acinzentada, mas também pode ter toques de vermelho ou branco. Não é raro que rouxinóis jovens sejam confundidos com aves adultas devido a sua plumagem com tons de vermelho. Essa ave possui bico discreto, afiado e de um tom de castanho escuro. As patas e os pés dessas aves apresentam tonalidade parecida com o que se entende como cor de carne.
Dimorfismo Sexual: Diferenças Entre Machos e Fêmeas
Algo interessante em relação aos rouxinóis é que não existem diferenças gritantes entre machos e fêmeas. Em relação a tamanho e cor de plumagem as aves fêmeas e machos são bem semelhantes. Uma eventual distinção entre os sexos de Rouxinol diz respeito ao fato de que as penas da cauda das fêmeas podem ter cores mais suaves do que a dos machos.
Canto do Rouxinol
No tocante ao canto do Rouxinol é possível observar que os machos tendem a ter um canto mais potente e com mais variações melódicas do que as fêmeas. Contudo, dica a dica de que ambos emitem melodias com grande complexidade. Na emissão vocal dessas aves a predominância é de tons alegres e cheios de vida que são intercalados com eventuais apitos e gorjeios.
Curiosamente os rouxinóis têm o hábito de cantar mesmo depois que escurece, diferente de boa parte dos pássaros. De acordo com especialistas os rouxinóis apresentam algumas variações em seu canto em diferentes situações sendo que na etapa de namoro essas aves têm emissões mais intensas e com melhor audibilidade. Os machos geralmente entoam seus cantos para atrair as fêmeas, mas também pode ter um sentido de desafio de outros machos.
Rouxinol Fotografado Durante o Cantando
À noite o canto serve como atrativo para as fêmeas e de madrugada tem a função de defesa do território. Após terem se acasalado os pássaros tendem a apresentar um canto mais suave, mas que se mantém constante. O canto dos pássaros é mais percebido quando a primavera está perto do fim anunciando a chegada do verão. Uma curiosidade é que embora o Rouxinol já nasça com a predisposição para cantar só aprende a utilizar esse potencial vocal quando abandona o ninho de sua mãe, o seu canto é resultante do que aprende com seus pais.
Folclore Latino-Americano
Na América Latina, em especial na Argentina e Paraguai, o canto do Rouxinol é entendido como um elemento do folclore nacional servindo de inspiração para muitos poetas e compositores. Mas, não é só por aqui que essa ave encanta artistas, os rouxinóis estão presentes na “Odisseia” de Homero e em “Orfeu” de Virgílio. Nem mesmo Shakespeare resistiu ao belo canto e menciona o pássaro no soneto “Sonnet 102” em que faz uma comparação entre a sua poesia e o canto da ave.
Canto Escondido
Os rouxinóis são capazes de cantar por mais de duas horas a fio sem repetir uma só sequência melódica, contudo, ver esses pássaros pode ser uma tarefa um tanto quanto difícil. Isso porque eles se escondem nas copas das árvores mais cheias entre os galhos para que não possam ser vistos. Se percebem qualquer estímulo diferente no ambiente fogem por medo de serem atacados.
