As galinhas de (ou da, ou d’) angola são conhecidas por nomes diversos, não só no Brasil, mas também em diversas outras regiões que apresentam como língua nativa, a língua portuguesa. Uns dos apelidos que elas apresentam é sacuê, cacuê, picota, galinha pintada, galinha do mato, faraona, picota, galinha fraca, cocá, galinha da índia ou guiné. Alguns nomes estão muito relacionados ao cacarejar dessa galinha, que é muito parecido com a frase “tô fraco, tô fraco”, emitido pelos animais fêmeas da ave. Elas, de uma maneira geral, se apresentam na coloração preta com pintas brancas, mas também podem se apresentar em uma versão cinza, toda branca, cinza claro, ou pampa, sendo um resultado obtido do cruzamento de uma galinha do tipo pedrez com a galinha branca, tida como comum.
A ordem biológica delas é a dos Galliformes e essa ordem tem origem no continente africano, mais especificamente na região do deserto do Saara. Esse tipo de galinha veio parar no Brasil a partir da colonização portuguesa, pois, por também colonizarem alguns países da África, as galinhas serviam, no início, como um escambo para conseguirem produtos entre países africanos e o Brasil. Essa galinha também é muito conhecida pela tradição popular brasileira por ser uma galinha que serve como oferenda em alguns rituais religiosos, como para Oxum, principalmente.
As galinhas de angola são subdivididas em nove subespécies, sendo que o nome de cada espécie vem após o nome “Numida meleagris”, de acordo com a nomenclatura científica; são elas: Numida meleagris sabyi, Numida meleagris coronata, Numida meleagris damarensis, Numida meleagris mitrata, Numida meleagris marungensis, Numida meleagris somaliensis, Numida meleagris reichenowi, Numida meleagris galeata e Numida meleagris meleagris.
Uma característica muito interessante da galinha da angola é o fato de elas serem muito mais ariscas e nervosas do que as galinhas ditas como “normais”. Isso porque, diferentemente dessas últimas que costumam apresentar um comportamento mais tranquilo e mais calmo, as galinhas da angola costumam estar sempre em uma situação de muita agitação e que podem evoluir rapidamente para um estado de elevado estresse.
Na natureza, elas sempre foram encontradas em bandos, uma vez que se permanecem sozinhas, como em casal, por exemplo, elas acabam não se reproduzindo. Ainda não se sabe porque, mas esse tipo de galinha tem como necessidade estar em bando para terem um estímulo de reprodução, isto é, elas só fazem o processo do acasalamento quando estão com muitos outros indivíduos de sua espécie ao seu redor. Isso provavelmente é um mecanismo comportamental de segurança e sobrevivência, uma vez que talvez elas só se arrisquem a produzir mais um integrante para o bando caso tenham muitos adultos para, como se fosse “cuidar” de seu filhote.
Uma outra coisa importante e interessante sobre os bandos de galinhas da angola é o fato de que cada bando apresenta uma espécie de “líder”. Esse líder tem como função, aparentemente, realizar a proteção do bando, além de também contribuir para que os bandos de galinhas da angola sejam considerados um dos bandos mais organizados do reino animal e talvez o mais organizado dentre as aves. Para saber qual das galinhas representa o líder do bando, basta observar o bando se alimentando, uma vez que, geralmente, o líder do bando é o último a se alimentar, após verificar que todas as outras galinhas se encontram bem e saciadas. Enquanto elas se alimentam, ele permanece apenas observando, caso haja alguma ameaça no local.
Durante o período de colonização, acredita-se que essa galinha foi um bom produto de escambo justamente pelo fato de a sua criação não ser uma tarefa muito difícil e ser, na realidade, muito mais fácil do que se pode imaginar. O único problema, com relação à criação, diretamente, é o fato de que quando elas são criadas soltas, elas acabam escondendo os seus ninhos, como uma maneira de proteção aos seus filhotes, o que pode prejudicar quem deseja criar esse tipo de animal para vender ou consumir, visto que acaba não havendo um controle muito efetivo de quantas galinhas existem e suas condições de procriação, principalmente. Uma das maneiras que esse tipo de galinha esconde os seus ninhos é cobrindo parte deles com palha ou com algum outro tipo de matéria, orgânico ou não, que esteja disponível para cobrir e esconder bem os seus ovos e filhotes.
Apesar de todo esse cuidado com o ninho, elas não são consideradas como boas mães para os seus filhotes, visto que sequer entrar sempre no choco ela o faz. Além disso, elas têm o costume de fazerem ninhadas conjuntas, ou seja, elas botam muitos ovos por vez, podendo chegar a até quarenta em uma mesma postura. Eles são colocados em camadas, sendo que, de uma maneira óbvia, apenas os ovos que estão em cima eclodem, porque só eles acabam recebendo o calor necessário da ave para que a sua eclosão ocorra.
Um outro ponto em seu comportamento que faz com que essa ave não seja considerada uma boa mãe é o fato de elas arrastarem os pintos para regiões úmidas das regiões em que elas estiverem, e isso pode acabar comprometendo a sobrevivência desses recém-nascidos. Elas fazem isso aparentemente sem nenhum motivo, talvez só pelo fato de elas serem aves inquietas mesmo. Sendo assim, em uma situação de cativeiro é recomendado que assim que elas botarem os ovos, eles sejam rapidamente recolhidos e dispostos em estufas ou incubadoras, ao invés de fazer com que eles sejam chocados por suas mães.
Esse tipo de galinha chama muito a atenção não só pela sua coloração, mas também pelo fato de sua carne apresentar um sabor diferente da carne das outras galinhas, tendo um gosto muito parecido com o sabor do faisão, por exemplo, além de os seus ovos apresentarem um elevado valor nutritivo. Um fator que favorece a sua procriação é a questão de sua alta resistência, uma vez que é muito raro ver esse tipo de galinha doente ou com qualquer problema de saúde, o que ameniza os custos de sua criação, além de elas serem muito produtivas, como já citado anteriormente, podendo apresentar ninhadas com cerca de quarenta a até mesmo sessenta ovos.
Além disso, elas não exigem uma alimentação muito rebuscada ou elaborada, uma vez que consomem insetos, como gafanhotos, lagartas que vivem em estercos, cigarras, formigas, cupins e até mesmo carrapatos, sendo, portanto, importantes no meio ambiente por contribuírem com o controle ambiental de muitos insetos, o que é outro ponto positivo para os seus criadores. Como elas são bastante agitadas e ariscas, elas também conferem uma proteção à propriedade, uma vez que com o aparecimento de alguém ou até mesmo de um outro animal, elas costumam fazer bastante barulho, chamando a atenção dos criadores.
Elas atingem a sua maturidade sexual com cerca de seis a até, no máximo, oito meses de vida. Quando em boas condições de reprodução, elas podem conseguir realizar de duas a até três posturas de ovos entre os meses de agosto a até o mês de dezembro, ou seja, cerca de cinco meses de período reprodutivo. A cada postura, os ovos demoram cerca de um mês, na realidade, vinte e oito dias, aproximadamente, de choco. Os pintos devem ser separados de suas mães por, aproximadamente, trinta dias, devido ao fato de elas poderem levar os animais para regiões úmidas, conforme já citado anteriormente.