A grande diversidade da fauna brasileira esconde espécies de nomes diferentes e não tão divulgados, como é o caso do Jacu-de-barriga-castanha ou Jacu-Goela. À primeira vista, o nome lembra um peixe, um macaco ou até um gato do mato, mas na verdade é uma ave.
Seu nome científico é Penelope Ochrogaster (galliforme da família cracidae – a mesma das jacutingas, mutuns e aracuãs), e só pode ser encontrado no Brasil, nas florestas tropicais e nos pântanos subtropicais, ainda no Vale do São Francisco, no Araguaia e também em Minas Gerais, onde sua perda de território pode chegar a 80% até o fim do século.
Esta ave já foi avistada no Parque Estadual do Cantão, em Tocantins, que abriga outros animais sob o risco de desaparecer, como a onça-pintada, o pirarucu, a ariranha e ainda muitas variedades de mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
De acordo com estudos recentes, a caça ilegal e o desmatamento, estão destruindo seu habitat, o que pode levar à extinção da espécie. Na lista de aves em risco de desaparecimento, ela está em grau de ameaça VU (vulnerável).
O jacu-de-barriga-castanha é uma ave grande, com aparência de galinha, asas e rabo compridos, sua plumagem é composta de riscas brancas com fundo amarronzado, de pés claros e bico escuro, pode medir até 77 cm e seu porte chega a ser comparado ao de um peru. Tem cabeça avermelhada, é pouco visto na natureza por seu comportamento arredio e diferentemente dos demais Jacus, não costuma dar gritos de alarme quando se assusta. Temos no país seis classes de Jacu e a menor é a Jacupemba, medindo cerca de 55cm.
Segundo uma lenda indígena, os índios, que queriam usar o fogo que só pertencia às onças, foram até a toca do animal para apanhá-lo, porém, as brasas caiam pelo chão e em razão disso, as aves foram escolhidas para pegá-las então, um Jacu ficou com a brasa engasgada, por isso seu papo de coloração vermelha.
A alimentação do Jacu é em grande parte feita de tarumãs, flor de ipê, mas, as demais aves da mesma família também se alimentam de frutos, sementes e pequenos insetos. Talvez, por ficar muito tempo pelo chão, se alimente das mesmas coisas.
Algo muito interessante na sua convivência é o fato de que, a exemplo de outras aves, o Jacu-de-barriga-castanha tem um parceiro só durante toda a vida, ou seja, é monogâmico. Seus ninhos são pequenos e às vezes são reaproveitados de outras aves.
Os ovos são claros, geralmente em número de dois, e o tempo de incubação é de 28 a 30 dias, sendo que o período de reprodução começa em outubro.
Elas vivem em um bando não muito numeroso, se locomovem com grande velocidade no chão e também saltam pelas árvores, mesmo com pouca habilidade para voar.