Tatu-Bola-do-Nordeste
Este pequeno mamífero é raro e muito interessante. O Tatu-bola-do-nordeste ou Tatu brasileiro de três bandas, de nome científico Tolypeutes tricinctu, é uma espécie de tatu endêmica do Brasil, mais presente no bioma Caatinga, no nordeste do país. O mamífero está classificado na lista de animais ameaçados de extinção, por diversos motivos. Por este motivo ele é a espécie bandeira do clima do bioma e há projetos de conservação que lutam para este animal tão especial não ser extinto. Veremos mais sobre ele neste artigo.
Taxonomia e Classificação
- Reino
- Animalia – animais
- Eumetazoa – metazoários
- Bilateria – bilateralmente simétricos
- Deuterostomia – deuterostômios
- Filo
- Chordata – cordados
- Craniata – craniates
- Subfilo Vertebrata
- Superclasse Gnathostomata
- Classe
- Sarcopterygii – peixes de nadadeiras lobadas e vertebrados terrestres
- Tetrapoda – tetrápodes
- Amniota – amniotas
- Synapsida – sinapsídeos
- Mamíferos – mamíferos
- Subclasse Theria
- Infraclasse Eutheria
- Ordem Cingulata – tatus
- Família Dasypodidae – tatus
- Subfamília Tolypeutinae
- Gênero Tolypeutes – tatus-bola ou tatus-de-tres-bandas
- Espécie
- Tolypeutes matacus – Tatu de três bandas do sul
- Tolypeutes tricinctus – Tatu brasileiro de três bandas
Características
O Tatu-bola é um animal pequeno, principalmente quando comparado às outras espécies de tatus – inclusive ele é considerado o menor tatu do Brasil. Ele pode ter um comprimento variável entre quarenta e quarenta e três centímetros. O peso chega ao máximo de um quilo e oitocentos gramas. Talvez por ele ser assim pequeno ele seja tão fofo, mas claro que o seu temperamento e comportamento de se esconder sempre que vê algum perigo contribui fortemente para isso. Assim que ele avista ou sabe que há algum predador chegando perto ele já corre para se esconder e se proteger na sua toca ou, se estiver longe dela, se curvar em formato de bola (por isso o seu nome), ficando muito protegido. Este tatu possui cintas móveis no seu dorso, que permite essa estratégia de defesa tão eficiente. Entretanto, como na natureza tudo é um ciclo, alguns grandes mamíferos carnívoros conseguem perfurar sua carapaça.
Alimentação
Até o ano de 197 acreditava-se, de acordo com pesquisadores, como Redford (1985), que o tatu-bola-do-nordeste era um mamífero exclusivamente insetívoro, se alimentando de cupins. Entretanto, outros pesquisadores constataram que ele não é uma espécie com uma alimentação restrita a outras espécies definidas de insetos. Pelo contrário, ele pode se alimentar de diversos tipos de insetos e, em alguns momentos, os materiais vegetais fazem parte da sua dieta. Também, em épocas de chuvas, ele pode se alimentar de certos frutos que encontrar pelo caminho.
Comportamento
O tatu-bola é um animal que possui hábitos noturnos, ou seja, ele é mais ativo depois que o sol se põe, mas isso não quer dizer que ele apenas sai da sua toca para caçar ou fazer outras atividades durante a noite, não há essa restrição tão fortemente.
Até um tempo atrás se acreditava, baseado em estudos de pesquisadores como Santos (1993) e Guimarães (1997) que o tatu-bola não era uma espécie de hábito fossorial, que não cavava sua própria toca, mas apenas utilizava tocas já feitas por outros animais ou valas e buracos já presentes no meio ambiente. Entretanto isso já foi descartado, ao que parece há momentos e certos ambientes em que o tatu-bola cava a seu próprio abrigo. Em um estudo que constatou este fato, também foi observado que talvez este hábito esteja muito mais relacionado com estratégias de termoregulação e de cuidados parentais com a cria do que como defesa contra predadores e outros perigos.
Reprodução
Na época reprodutiva já foi observado a presença de vários machos na companhia de uma única fêmea. Esta fêmea costuma dar cria a um filhote por gestação; em alguns casos muito raros podem ser dois filhotes. O tempo de gestação é de cerca de quatro meses. Ainda não há informações precisas sobre os hábitos reprodutivos dessa espécie.
Habitat e Distribuição
Essa é a única espécie endêmica de tatu do Brasil. Isso significa que ele está restrito ao nosso país. Ele está distribuído pelos biomas da caatinga e do cerrado. Até o ano de 1997 os pesquisadores tinham detectado apenas a distribuição do tatu-bola pela caatinga, por isso o nome comum para a espécie. Entretanto já se sabe que na realidade o tatu-bola avança para o cerrado.
Conservação
O Tatu bola está classificado na lista de animais ameaçados de extinção, como vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais. As principais ameaças que afetam a sobrevivência da espécie são a caça ilegal e a perda de habitat. Neste último caso, o desmatamento, a agricultura e a matriz energética são os responsáveis. É uma espécie muito sensível à alterações no ambiente, como vegetação e clima. Por ser uma espécie endêmica, é muito importante que tenha uma atenção maior para a sua conservação, já que se for extinta do país, não haverá forma de recuperação, pois ele não é encontrado em outro país.
Como já foi dito, uma das principais ameaças à conservação e sobrevivência do tatu-bola-do-nordeste é a caça. A caça predatória e também a caça para subsistência são responsáveis por reduzir drasticamente o número de indivíduos. A caça é proibida e deve ser denunciada. O tatu-bola tem o costume de se curvar e se fechar na sua carapaça quando se sente em perigo. Somado a isso, há o fato de que ele é pequeno e não tem uma velocidade alta na corrida, sendo facilmente capturado pelos humanos. Outro fato, também já citado, que influencia fortemente na conservação do tatu-bola, é que ele é sensível às mudanças no ambiente. No cerrado e na caatinga o desmatamento contribui para a diminuição das populações. Além disso, principalmente no cerrado, a monocultura extensiva vem diminuindo fortemente o habitat natural do tatu-bola-do-nordeste.
Há diversas instituições e organizações que trabalham a favor da conservação da espécie de tatu bola brasileira. Dentre elas, podemos citar a Associação Caatinga, a TNC (The Nature Conervancy, a União Internacional para a Conservação da Natureza, o No Clima da Caatinga, etc. As principais estratégias para evitar o desaparecimento da espécie e para aumentar o número de indivíduos e proteger as populações de tatus-bola são a proteção de nascentes, a mitigação dos efeitos que potencializam o efeito estufa e o aquecimento global, a criação de corredores ecológicos entre fragmentos de biomas e ecossistemas e a proteção dos corpos hídricos.