O João-de-Barro (Furnarius rufus) ou Forneiro, como é mais raramente chamado, é uma ave pequena que tem a característica típica de criar ninhos feito de barro no formato de fornos. Possui um tamanho médio de 13 a 15 centímetros e pesa cerca de 50 gramas. Alimenta-se basicamente de içás, formigas, larvas, cupins e alguns outros insetos que vivem em folhas. Tem o hábito de cantar ao redor do seu ninho, junto com sua fêmea. Na Argentina, é considerado um símbolo do país, sendo chamada de homero, que significa “Ave da Pátria”.
Conhecendo Melhor o João-de-Barro
A característica mais curiosa do João-de-Barro certamente é a sua sobrancelha formada por um conjunto de penas mais claras acima dos seus olhos, seu pescoço e queixo possui tonalidade esbranquiçada. Seu dorso possui um tom marrom com nuances de vermelho e outras partes do seu corpo com penas mais claras. Quando o João-de-Barro voa é possível identificar penas com tonalidade mais escura na ponta de suas asas. A cauda possui um tom de vermelho que se destaca.
Observação de João-de-Barro
Aqueles que se dedicam a observar pássaros tem no João-de-Barro um ótimo espécime, pois além de ser manso – permitindo a aproximação dos observadores – não tem por hábito se afastar muito do território que habita. O comportamento dessa ave se divide em momentos em que se encontra empoleirada e outros em que caminha no solo, com passos mais lentos ou dando corridas.
Habitat do João-de-Barro
Dentre as preferências dessa ave estão lugares com vegetação esparsa como cerrado, campo, jardins e até mesmo ao longo de rodovias. É importante que o habitat tenha uma boa área para que o pássaro caminhe para que ele encontre alimento pelo chão. De maneira geral ele procura por lugares altos em que possa se empoleirar de maneira a ter uma visão completa do local para encontrar alimento. Cercas, postes e galhos de árvores são as suas principais apostas.
Alimentação do João-de-Barro
A base da alimentação desse pássaro se constitui de pequenos animais como artrópodes, insetos e larvas. Também apresenta predileção por se alimentar de minhocas e moluscos. Em algumas situações o João-de-Barro pode se alimentar de sementes e de restos de alimentos deixados por seres humanos como farelos de biscoitos e pão.
Reprodução do João-de-Barro
Esse pássaro tem comportamento monogâmico, o casal se reveza no árduo trabalho de construir seu ninho em formato de forno que possui entre 17 e 30 cm de diâmetro por 20 cm de altura. O tempo de construção varia de 2 a 18 dias. O peso de uma casa de João-de-Barro é de cerca de 5 gramas, constituída em geral de materiais como barro, esterco e palha.
O local escolhido para o ninho deve ter uma boa visibilidade do entorno, quando na natureza preferem galhos baixos e troncos de árvores. Quando se encontram em ambiente urbano costumam ter preferência por postes elétricos e edificações pela visibilidade que oferecem. Uma das grandes dificuldades que as empresas de energia elétrica enfrentam é que o ninho do João-de-Barro pode causar problemas nos postes.
Todo ano o pássaro constrói um novo ninho, porém, em situações extremas de falta de material pode usar um ninho antigo. Vale dizer, no entanto, que a construção do ninho não tem relação direta com a reprodução, pois esses pássaros podem passar um ano todo envolvidos em sua construção.
Forno
Além da forma o ninho também funciona como uma espécie de forno mantendo as temperaturas elevadas em seu interior. O que mais surpreende é que esse ninho realmente parece uma casa, para entrar nele é necessário ultrapassar um corredor em ‘L’ e então alcançar a câmara em que a fêmea irá botar os seus ovos.
Ovos no Ninho
Estando tudo pronto em relação a construção do ninho chega o momento de preparar a incubadora forrando-a com pelos, vegetais, penas e outros materiais. Geralmente as fêmeas de João-de-Barro botam 3 ou 4 ovos, somente após o terceiro ovo ter sido botado se dá início ao processo de incubação em que o casal se reveza. O período de incubação se dá entre 14 e 18 dias.
Filhotes
O macho e a fêmea são responsáveis pela alimentação e cuidado dos filhotes, quando eles completam 14 dias de vida são estimulados a começar a cantar. Após terem completado 20 dias os filhotes são estimulados a deixar o seu ninho, contudo, ainda assim os pais mantêm a sua alimentação por algum tempo antes do começo da nova ninhada. Quando o casal tem duas ninhadas na mesma temporada pode contar com a ajuda dos primeiros filhotes para construir a nova casa.
Sem Dimorfismo Sexual
Essa ave não apresenta características de dimorfismo sexual evidente, contudo, podem ser observadas variações em sua plumagem em diferentes locais de habitat.
Inimigos Naturais do João-de-Barro
O pássaro pode ter uma série de inimigos naturais como os pardais que eventualmente podem expulsá-los de suas casas para usá-las como seus próprios ninhos. Também tem o Guira-Guira que pode se alimentar tanto dos ovos como dos filhotes, o gavião-carijó que pode destruir o ninho e os pequenos assim como o gambá que é um predador natural da espécie.
Lendas Sobre o João-de-Barro
Uma das lendas mais comuns sobre essa pássaro é aquela que diz que João era na verdade um homem muito generoso que tinha o hábito de construir casas para os mais necessitados usando barro e capim como matérias-primas. Quando ele faleceu a população local ficou muito triste e Deus em solidariedade enviou o João-de-Barro para que todos pudessem se lembrar dele. Outra lenda sobre essa pássaro é aquela que diz que o João-de-Barro tranca a fêmea dentro da casa até a sua morte caso descubra uma traição.
Canto do João-de-Barro
O macho e a fêmea de João-de-Barro cantam, contudo, há alguma diferença entre as suas vozes. Para proteger seu ninho eles mantêm uma postura altiva em que as suas asas se mantêm em posição aberta. O canto é bastante apreciado e na região sul do Brasil interpretado como um sinal de coisas boas.
Outros Nomes para o João-de-Barro
Por ser um pássaro tão carismático, o João-de-Barro, recebeu diferentes nomes e apelidos como amassa barro, pedreiro, oleiro, João barreiro e para a fêmea especificamente: sabiazinha, Maria-de-Barro e joaninha de barro. A espécie está distribuída em territórios do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Cordilheira dos Andes.
