Curiosidades do Sapo da Chuva

Sapos

Falando de um modo geral, os sapos são aqueles pequenos animais, classificados como anfíbios, mas o que é ser um anfíbio? Anfíbios são um grupo de animais, os quais além dos sapos também fazem parte as cobras cegas e os lagartos, há outros animais, mas esses são os principais exemplares.

Todos eles são animais vertebrados, possuem o sangue frio, isso quer dizer que a sua temperatura corporal varia muito com a temperatura do ambiente, isso quer dizer que eles precisam sempre buscar mecanismos para equilibrar sua temperatura interna. Outra característica marcante de um anfíbio é não ter um saco amniótico, assim como é visto nos mamíferos.

Além disso, os anfíbios são assim conhecidos e ganharam esse nome por causa da sua especificidade de sua vida ser dividida em duas fases, sendo uma delas terrestre e a outra na água. O nome anfíbio foi dado, pois essa palavra em suas raízes significa vida dupla. No entanto, apesar disso há exceções para essa regra e esse é inclusive o caso do sapo de chuva, o qual iremos falar neste texto.

Atualmente há mais de 6 mil espécies catalogadas de anfíbios, principalmente nas regiões de floresta e áreas tropicais, mas eles podem viver também em muitas outras partes do mundo. Apesar desse impressionante número de espécies, em poucos anos poderemos ver um grande declínio das populações de anfíbios, uma vez que esses são muito sensíveis às mudanças climáticas e a mudanças no seu meio ambiente, já existem atualmente algumas espécies extintas e o que está por vir é muito maior. Infelizmente isto está sendo causado pelo homem e pela população, com a destruição do meio ambiente, invasão de habitats e também pela poluição e contaminação das águas.

Família

Muito dos sapos são da família Bufonidae, mas os sapos que falamos aqui são pertencentes à família Breviceptidae, que inclui menos de 40 espécies, as quais a grande maioria vive na África preferencialmente nas regiões secas.

Breviceptidae

Agora falaremos com mais especificidade sobre a família dos sapos de chuva, A família Breviceptidae. Essa família inclui os gêneros Balebreviceps, Breviceps, Callullina, Probreviceps e Spelaeophryne. Somados esses gêneros o número de espécies é menor do que 40. Não é um tipo de sapo tão abundante, principalmente pelo seu habitat e condições ambientais altamente limitadas.

Breviceps

Esses sapos são popularmente chamados de sapos de chuvas, mas há um segundo nome pelo qual as pessoas costumam se referir a eles, esse nome é sapo de cabeça curta. Seu nome sapo da chuva é porque eles normalmente são vistos na superfície durante o período do dia quando vai chover, ou até mesmo após grandes chuvas, eles preferem essas épocas pois normalmente o clima externo já está mais úmido e sem sol.

Atualmente são conhecidos menos de 20 espécies dentre desse gênero e todas estão situadas dentro do continente africano, sendo que dentro dessas espécies a grande maioria está na região Sul da África, outras estão na porção mais ocidental do continente e algumas nas regiões bem áridas, ou até mesmo desérticas.

Breviceps

Breviceps

É válido lembrar que não apenas uma espécie é conhecida como sapo de chuva, mas sim algumas espécies diferentes, elas têm muitas características em comum, como por exemplo o fato de viverem grande parte do tempo em baixo do solo, a características de incharem seu corpo o que dá impressão da sua cabeça ser muito curta o que acaba dando o seu outro nome popular, a grande maioria não tem uma relação com a água em nenhuma fase da sua vida, etc.

Em geral, os sapos da chuva produzem um barulho muito alto e muito estridente, o que o faz ser considerado por muitos o sapo mais engraçado do mundo. O barulho que ele faz normalmente é comparado à um brinquedo de apertar de criança, daqueles de borracha que tem ar dentro e que quando você aperta faz um barulho, então é igualzinho. Há muitos vídeos na internet que mostram o seu som agudo e estridente.

Outra característica desses sapos são seus grandes olhos que mais parecem estar arregalados o tempo todo, além disso eles tem a capacidade de andar e não de pular como a maioria dos outros sapos, o seu focinho é bem curto, assim como todos os membros de seu corpo.

Vale lembrar que por eles se locomoverem de maneira diferente dos outros sapos eles consequentemente precisam que os seus membros também sejam diferentes e por isso os seus pés tem um formato diferenciado, que se assemelha à uma pá e os seus dedos na verdade são do tipo palmados, sua perna é bem curta.

Os sapos de chuva não costumam ser muito grandes, há algumas espécies realmente bem pequenas mesmo quando adultas, com cerca de 2 ou 3 centímetros, as maiores podem chegar até mesmo aos seus 6 centímetros.

Um hábito muito comum desses sapos é saírem da sua toca somente no período noturno, isso acaba que é uma vantagem evolutiva, pois durante o dia as temperaturas podem ser extremamente altas e isso poderia mata-los muitas vezes, no entanto, há casos em que eles saem de dia, quando há nevoa ou quando as temperaturas estão mais amenas.

Eles vivem necessariamente em buracos (tocas) que são escavados por eles mesmos em baixo da terra, eles escavam até mais ou menos uma profundidade de 20 centímetros, essas tocas é onde eles depositam os seus ovos e também onde vivem a maior parte do tempo. Uma coisa importante é que só fazem toca em locais de areia com característica mais úmida, certamente muito influenciada pelos mares.

A grande maioria se alimenta de mariposas em geral, de besouros e de insetos, como formigas ou outros tipos de inseto. Na grande maioria das vezes ele se alimenta durante a noite e dificilmente durante o dia, assim pela manhã já retorna a sua toca ou constrói uma nova.

Em situações em que esse sapo se sente ameaçado ele incha o seu corpo, como se ele tivesse engolido um saco de ar, pois assim ele parece bem maior e mais assustador do que realmente é. Uma coisa muito importante sobre eles é que como eles não vivem na água eles não sabem nadar, inclusive seu corpo nem possui adaptação para isso, portanto, se colocado na água o pobrezinho pode morrer afogado.

A seguir vamos falar um pouco mais de duas das espécies de sapos da chuva, as quais são normalmente as mais citadas nas matérias sobre esse gênero de sapos, são elas a Breviceps Macrops e a Breviceps Gibbosus.

Breviceps Macrops

Breviceps Macrops

Breviceps Macrops

Esse sapo tem mais um adicional em seu nome, ele é chamado de sapo de chuva do deserto e também de sapo de cabeça curta de Boulenger. Essa espécie vive em uma área bem restrita que engloba as regiões dos países Namíbia e da África do Sul, mas seu habitat é ainda mais restrito, uma vez que não vivem em qualquer lugar, com qualquer solo.

Esse sapinho, que no máximo atinge seus 6 centímetros, isso quando adulto e somente os exemplares do sexo feminino chegam neste número, tem uma parte inferior do seu corpo com tecido transparente e isso faz com que em um certo ponto seja possível ver os seus órgãos internos.

Ele vive somente em locais onde há dunas de areia, geralmente próximos à deserto, mas o solo tem que ser essencialmente arenoso. Além disso, eles preferem as áreas próximas ao litoral, bem especifico não é mesmo? Pois é ele vive exatamente nesses lugares exclusivos que não ocorrem praticamente em nenhuma região do mundo, vivem entre o mar e o conjunto de dunas.

Isso é uma enorme desvantagem social e adaptativa para esses sapos, uma vez que ele fica muito sujeito às mudanças que podem ocorrer na pequena faixa territorial a qual ele ocupa, qualquer mudança ambiental, climática irá o afetar. O pior é que nesses locais ele está perdendo a sua área original devido a ocupação humana cada vez mais intensa, essa ocupação é especificamente relacionada à construção de estradas e também à mineração de pedras preciosas que ocorre na região, principalmente o diamante.

Por causa da sua perda de habitat hoje essa espécie figura na lista vermelha de animais em risco de extinção, sua população já não é tão grande e seu risco é maior a cada ano. Pense que sua faixa de habitat natural em todo mundo não passa de 2 mil quilômetros quadrados, é muito pouco e é uma espécie altamente ameaçada.

No entanto, assim como qualquer outra espécie sua perda seria terrível para o ambiente terrestres, muitas vezes no nosso dia a dia podemos pensar que não faz diferença uma ou outra espécie em extinção, mas todo o equilíbrio terrestre está sendo afetado, mesmo que não seja perto de nós, em um momento breve isso irá nos afetar, pois no nosso planeta tudo está interligado, é um planeta só e não vários.

A extinção de uma espécie pode afetar outra e mais outra, pode levar à uma outra a extinção e deixar outra sem controle de população, dessa forma sua população aumenta exponencialmente e pode vir a se tornar uma praga urbana. Pode causar morte de arvores, pode causar alterações no solo que causam deslizamentos, o que dependendo do lugar pode afetar os mares e até causar tsunamis. Uma hora chega até você, afinal é apenas um planeta em que todos vivemos.

A função social ecológica desse sapo é na parte de aeração e fertilização do solo, ele vive em áreas mais áridas, onde o solo seria completamente infértil se não fosse pela sua presença, através de suas excreções, da gelatina que se forma ao botar os seus ovos eles fertilizam e dão vida a uma extensa faixa de areia.

 Breviceps Gibbosus

Breviceps Gibbosus

Breviceps Gibbosus

Esse sapo tem como seu nome popular o nome de sapo da chuva do cabo, isso se deve à região onde ele é preferencialmente encontrado, que é a região da Cidade do Cabo e ele só é visto dentro do território da África do Sul. Ao contrário do anterior que está presente apenas em uma faixa de areia, este sapo pode ser visto em muitos lugares diferentes, tais como em florestas de arbustos, em gramados, em jardins, em pastagens e até mesmo na área urbana, já que as cidades da África do Sul invadiram o seu habitat natural.

Dizem os especialistas que esse é o sapo de chuva mais comum de ser avistado e que também é o que chega a maiores tamanhos, mas há controvérsias quanto a isso pois a maioria dos seus exemplares não passam de 4 centímetros e meio ou 5 centímetros, quando chegam a esse último. Suas pernas assim como das outras espécies são consideravelmente grossas e até musculosas, pois eles precisam dessa característica para desempenhar sua função de escavar.

Ele é muito ameaçado por herbicidas e também pelos animais domésticos, infelizmente seu habitat está tomado pela ocupação humana, mas não podemos esquecer que ele é quem faz toda adubação e fertilização dos solos regionais, fazendo assim com que sejam mais férteis, isso porque vivem grande parte da sua vida em baixo do solo, saem somente em épocas de neblina e de temperaturas mais amenas. Essa espécie se alimenta preferencialmente de vermes de solo e de subsolo e insetos, portanto, eles também contribuem para o controle de “pragas” de jardim e essa é uma das suas grandes funções sociais.

Hoje ele está listado na lista vermelha de extinção como espécie quase em ameaçada, isso faz com que devêssemos ter uma maior atenção à maneira que tratamos esses animais, uma vez que suas funções sociais e ecológicas são importantíssimas para os seres humanos.

Ele está perdendo o seu espaço pela invasão urbana e agricultura. Seria interessante que os agricultores aprendessem a usar a natureza a seu favor e não contra elas, isso porque eles são ótimos para controles de insetos e animais que destroem plantações, além disso ele dá mais fertilidade ao solo, então seria de interesse social a preservação da espécie, mas as pessoas muitas vezes parecem não pensar claramente e agem da maneira que em breve irá prejudicar elas mesmas.

Reprodução

A reprodução dessa espécie se dá de uma maneira incomum e isso acontece por causa do chamado dimorfismo sexual, que é a condição na qual os machos de uma espécie são bem menores do que as fêmeas daquela mesma espécie, em consequência disso eles não conseguem se acasalar da maneira mais comum que é através do método e posição do amplexo, onde o macho sobe em cima da fêmea de maneira normal.

Ele sobe sim em cima da fêmea de sua espécie, mas ele só consegue efetuar o acasalamento por causa de uma espécie de cola que sua pele produz, esse material é excretado, ou seja, liberado quando ele consegue saltar em cima da fêmea e então ele gruda nela até que o acasalamento se conclua. Pode-se dizer que esta espécie de cola foi desenvolvida como uma adaptação da espécie às condições a quais é imposta pela natureza. Esse acasalamento ocorre nas épocas chuvosas do ano.

Filhotes

Há muitas formas distintas de geração de filhotes pelos sapos, uma delas é através do depósito de ovos na água, onde o seu filhote irá viver as primeiras fases de sua vida. No entanto, como é conhecido outras formas incluem as primeiras fases do girino dentro do corpo de sua mãe, ou até mesmo em girinos dentro de uma espécie de saco vitelínico fora do corpo da mãe, há também o desenvolvimento direto e este é o caso do sapo de chuva, que sai dos ovos em um local fora da água, eles ficam em uma espécie de gosma criada pela sua mãe até que sejam maiores para andar como sapos.

O número de ovos que um Breviceps coloca gira em torno de 13 a até 56 e eles ficam todos juntos em tocas, onde a mãe insere os ovos depois de terminar de fazer o ninho que é uma espécie de gosma de geleia. Assim que os filhotes quebram os ovos, as cascas dos mesmos são transformadas em espuma.

Filhotes de Sapo da Chuva

Filhotes de Sapo da Chuva

Normalmente ou o pai ou a mãe permanecem embaixo do solo muito próximo às tocas observando os seus ovos, até que eles virem um tipo de girino e posteriormente possam andar. Eles na verdade não passam pela fase de girino apesar de ter sua fase de formação, isso porque para ser chamado de girino têm de viver na água e eles não vivem em nenhuma parte da vida.

Esses sapos são muito importantes para a região em que vivem e para o meio ambiente, se os tratarmos bem eles são grandes aliados às práticas humanas, no entanto é necessário parar o mais rápido possível toda cultura do uva de herbicidas e pesticidas, que a longo prazo vem empobrecendo os nossos solos e acabando com a vida animal.

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